11 de jan. de 2008

Arquitetos/Engenheiros da Música...






Hoje, se completam 23 anos de história dos Engenheiros do Hawaii, uma das melhores bandas deste país, letras inteligentes, melodia sublime, como resumir 23 anos de música?? Uma Infinita Highway....

Os primeiros anos (1985 – 1989)

Quatro estudantes da Faculdade de Arquitetura da UFRGS - Humberto Gessinger , Carlos Maltz , Marcelo Pitz e Carlos Stein - resolveram formar uma banda apenas para uma apresentação em um festival da faculdade, que aconteceria por protesto à paralisação de aulas. Escolheram o nome Engenheiros do Hawaii para satirizar os estudantes de engenharia que andavam com bermudas de surfista, com quem tinham uma certa rixa.

Começaram a surgir propostas para novos shows e, após, algumas apresentações em palcos alternativos de Porto Alegre juntamente com uma série de shows pelo interior do Rio Grande do Sul. A banda em menos de quatro meses de carreira já consegue gravar duas músicas na coletânea Rock Grande do Sul (1985) com diversas bandas gaúchas em razão de uma das bandas vencedoras do concurso audicionador à coletânea ter desistido da participação do álbum na última hora.Meses passaram, e os Engenheiros do Hawaii gravam o seu primeiro álbum: Longe demais das capitais, em 1986.

Antes de começarem as gravações do segundo disco, Marcelo Pitz deixa a banda por motivos pessoais. Com Gessinger assumindo o baixo, entra o guitarrista Augusto Licks,A Banda muda o direcionamento temático, iniciando uma trilogia baseada no rock progressivo. . Destaque para Infinita Highway, Terra de Gigantes, Refrão de Bolero e a faixa título, dividida em duas partes. Começam os shows para grandes platéias nos centros urbanos do país, como o festival Alternativa Nativa, realizado entre 14 e 17 de junho de 1987.

O disco seguinte, Ouça o que Eu Digo: Não Ouça Ninguém, de 1988, pode ser visto como uma continuidade do anterior, tanto pelo trabalho da capa do álbum como pelo tema e estilo de suas canções. Destaque para as músicas Somos Quem Podemos Ser, Nunca se sabe, Tribos & Tribunais e Variações Sobre o Mesmo Tema', esta última uma homenagem à banda Pink Floyd, com sua estética progressiva e dividida em três partes. O álbum também marca a saída dos Engenheiros da cidade de Porto Alegre, indo morar no Rio de Janeiro.Consolidada a nova formação, os Engenheiros lançam Alívio Imediato, de 1989, quarto disco da banda e o primeiro registro “ao vivo”.

Mudança para o Rio de Janeiro (1990 – 1993)

O disco seguinte, O Papa é Pop, de 1990 consolida a mudança de sonoridade da banda. Puxados pelo sucesso Era um Garoto que como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones, o quinto disco dos Engenheiros investe no som progressivo, calcado nos solos de guitarra de Licks e em uma base mais eletrônica de teclados e bateria. Gessinger passa a assumir também os teclados da banda e começam a surgir as baladas "piano e voz" da banda. São dele as canções A Violência Travestida Faz Seu Trottoir, O Exército de um Homem Só, Pra Ser Sincero e Perfeita Simetria. Aclamados pelo público e massacrados pela crítica, os Engenheiros do Hawaii consagram-se no Rock in Rio II, arrancando elogios do jornal americano New York Times.

O ano de 1991 marca o lançamento do sexto disco, Várias Variáveis, que completa a trilogia iniciada no segundo e terceiro discos da banda. Há redução dos efeitos eletrônicos e a retomada de um som mais rock'n roll, mas não repete o mesmo sucesso do anterior, mesmo tendo a canção Herdeiro da Pampa Pobre. Este é um dos discos que contém as melhores letras do grupo, porém, o som não é o forte do álbum, sendo o mesmo questionado hoje até pelo próprio Gessinger. Pode-se dizer que foi um disco seminal, pois, canções como Piano Bar, Muros & Grades, Ando Só, em regravações em outros discos, estabeleceram-se como algumas das melhores da banda.No ano seguinte, 1992, é lançado o sétimo disco Gessinger, Licks e Maltz, ou GLM, inspirado no famoso logotipo ELP de Emerson, Lake & Palmer.

O oitavo disco dos Engenheiros é o semi-acústico Filmes de Guerra, Canções de Amor. Na verdade a banda na época considerava o disco acústico, pois condicionava tal formato à ausência de bateria e às guitarras semi-acústicas. A época não existia a febre de acústicos gravados pelos grandes nomes nacionais, o que denota o caráter visionário da banda. Com guitarras acústicas, percussão, piano, acordeão e participação da Orquestra Sinfônica Brasileira em três faixas, regida por Wagner Tiso, as velhas canções – como Muros & Grades, O Exército de Um Homem Só e Crônica – e novas composições – como Mapas do Acaso e Quanto Vale a Vida?, ganharam arranjos que apontavam para o blues, a música folclórica gaúcha e a erudito, ressaltando a excelente qualidade das letras dos Engenheiros do Hawaii.

Tempos de tempestade (1994 – 1996)

O passo seguinte foi remontar os Engenheiros, com a entrada do guitarrista Ricardo Horn. Como ao vivo a coisa não ficou a contento, posteriormente, também ingressam na banda: Paolo Casarin (acordeão e teclados) e o guitarrista Fernando Deluqui (ex-RPM). Após dois anos sem gravar, os Engenheiros lançam o álbum Simples de Coração, em fins de 1995. Destaque para as canções A promessa, A Perigo, Lance de Dados, Ilex Paraguariensis e Simples de Coração.

Gessinger Trio (1996 – 1997)

Gessinger paralelamente às gravações do "Simples de coração" começa a montar o trio chamado "33 de espadas" (no início com o intuito de tocar apenas música instrumental) e, no estúdio ao lado, ensaia escondido com dois amigos. Ao fim da tour do Simples de coração, a banda passou por uma grave crise. Àquela era uma formação temporária, formada apenas para gravarem um CD. Longe do sucesso de outros tempos, os engenheiros começam a pensar em seguir outros caminhos. O "33 de espadas" faz sua estréia abrindo o show da banda carioca "Surfista Prateado" já com a formação que viria se chamar "Gessinger Trio", Luciano Granja (guitarra) e Adal Fonseca (bateria) e gravar o excelente disco homônimo de 1996. O clima enxuto do disco, basicamente com bateria, baixo e guitarra, lembra os primeiros trabalhos de Gessinger, como exemplificam as canções Vida Real, Freud Flintstone, De Fé e O Preço.


A volta dos Engenheiros (1997 – 2001)

O disco Minuano, de 1997, marca a volta dos Engenheiros com este nome, porém, sendo a banda agora uma explícita carreira solo de Humberto Gessinger. Banda, no formato que compreendemos, jamais volta a ocorrer nos engenheiros do hawaii. Emplaca o sucesso A Montanha, além de outras belas canções como Nuvem, Faz Parte e Alucinação, uma cover para uma antiga canção de Belchior. O disco seguinte, Tchau Radar!, de 1999, exibe um Engenheiros mais maduro, onde as influências musicais da banda ficam mais evidentes (folk rock, rock'n roll dos anos 60, rock progressivo e MPB) com belas composições de Gessinger, como Eu que Não Amo Você, Seguir Viagem e 3X4 e duas covers: Negro Amor (It's All Over Now Baby Blue, de Bob Dylan) e Cruzada (de Tavinho Moura e Marcio Borges).

Da turnê de Tchau Radar!, surgiu o terceiro disco “ao vivo” da banda, e o décimo segundo de sua carreira: 10.000 Destinos. Novamente, Gessinger repassa o repertório consagrado da banda em novas versões divididas em um set acústico e um elétrico e conta com a participação de Paulo Ricardo, cantando Radio pirata do RPM, e do gaiteiro Renato Borghetti nas canções Refrão de um Bolero e Toda Forma de Poder. Como faixas-bônus, gravadas em estúdio, acompanham as inéditas Números e Novos horizontes, além do cover Quando o Carnaval Chegar, de Chico Buarque.

10.001 Destinos, Surfando Karmas & DNA e Dançando no Campo Minado (2001 – 2004)

Saindo Lúcio, Adal e Luciano, são substituídos por Paulinho Galvão (guitarra), Bernardo Fonseca (baixo) e Gláucio Ayala (bateria). Gessinger volta a tocar guitarra, após 14 anos responsável pelo contrabaixo dos Engenheiros.

Com essa nova formação eles regravam algumas músicas da banda e lançam reedição de seu último disco, agora intitulado 10.001 Destinos. Duplo, traz as mesmas faixas do disco precursor, e novas versões de estúdio das canções Novos horizontes, Freud Flinstone, Nunca se Sabe, Eu que Não Amo Você, A perigo, Concreto e asfalto e Sem você (É Foda!), um disco que ninguém compreende até hoje porque foi lançado.

Começava com esta formação, seguindo novamente o mercado musical (quando bandas mais pesadas começaram a ter mais espaço), de som mais limpo e pesado. Isso se confirma em 2002, com o lançamento do surpreendentemente excepcional Surfando Karmas & DNA, disco que consolida a nova fase da banda, e que tem a participação especial do ex-Engenheiros Carlos Maltz na faixa E-stória. São destaques do disco a faixa título e as canções Terceira do Plural, Esportes Radicais e Nunca Mais. Surfando Karmas & DNA é considerado um dos melhores, senão o melhor disco de estúdio da banda.

O disco seguinte, Dançando no Campo Minado, de 2003, mantém a regra: sonoridade muito similar ao seu antecessor com músicas curtas, guitarras pesadas e a poesia crítica de Gessinger denunciando os males da globalização, da desilusão política e ideológica e da guerra, nas canções Fusão a Frio, Dançando no Campo Minado, Dom Quixote e Segunda Feira Blues (partes I e II, esta última novamente com a participação de Carlos Maltz), porém, convivendo com um certo otimismo na parte mais emotiva da vida.

Acústico MTV (turnê acústica) (2004 – 2006)

Para comemorar os vinte anos de banda, completados em 2004, os Engenheiros do Hawaii lançaram o CD e DVD Acústico MTV. O acústico tem as participações especiais dos músicos Humberto Barros (órgão harmmond) e Fernando Aranha (violões). Este último já havia feito uma participação especial, tocando uma música do CD dançando no campo minado. O acústico conta com a participação especial de Carlos Maltz, que divide a voz com Gessinger na canção Depois de nós, de sua própria autoria. O disco conta com a participação de Clara, filha do vocalista, na canção Pose (executada com grande parte da letra cortada, fato que infezlimente se repete na história da banda). Também são gravadas canções do Gessinger Trio como O Preço e Vida real (esta última música de trabalho). Por fim, acrescentam-se ainda as canções inéditas Armas Químicas e Poemas e Outras Frequências.

Antes da gravação do acústico, a banda ficou seis meses de férias. O guitarrista Paulinho Galvão e o bateirista Gláucio Ayala resolveram, então, montar uma banda, O Sete. Durante a tour do acústico,o empresário da banda, Gil Lopes, pessoa que definitivamente não goza da simpatia dos fãs, e, tem uma grande responsabilidade sobre a saída de outras pessoas da banda, resolve que Galvão e Ayala devem escolher entre o Sete e os Engenheiros. Galvão tenta manter-se nas dua bandas, afirmando que não atrapalharia, mas seus pedidos não são atendidos. Como era um sonho formar um grupo próprio, ele acaba tendo de abandonar os Engenheiros. Já Ayala resolve abandonar o Sete e segue com os engenheiros. Fernando Aranha, assume o posto de "guitarrista" da banda. "Guitarrista" entre aspas porque eles ainda não gravaram nem um disco elétrico desde seu ingresso na banda. Humberto Barros, que não seguiu na turnê com os Engenheiros porque tinha compromisso com o Kid Abelha, foi substituído pelo jovem músico Pedro Augusto nos teclados. Este acaba sendo efetivado no disco seguinte.

Novos Horizontes - Acústico (2007)

O novo disco foi gravado nos dias 30 e 31 de maio de 2007, em São Paulo, no Citibank Hall, e foi lançado em agosto de 2007 com nove faixas inéditas, além de nove regravações. Entre as inéditas, destacam-se Não Consigo Odiar Ninguém, Vertical e Guantánamo.Nesse novo trabalho, Humberto Gessinger conta novamente com as participações de sua filha Clara, cantando A Onda e Parabólica, composta pra ela em 1992, além de seu companheiro e fundador de banda Carlos Maltz, voz e bateria na inédita Cinza.


E que venham mais 23 anos de EngHaw!!!

1 Comentário:

Jfar disse...

Poxa, Júlio, bela retrospectiva dos Engenheiros. Muita coisa aí não tinha nem ouvido falar e olha que curto muito o trabalho do Humberto.
Parabens!
J Farina.
http://jfar.blogspot.com/

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