Analisando o Coletivo - Parte I

"Não acomodar com o que incomoda."
Indo para a faculdade, hoje, ocorreu-me a idéia de vir cantando, em alto e bom tom, enquanto ouvia baixo meu mp3, para, assim, poder ter um certo ritmo mas, ao mesmo tempo, poder ouvir os comentários das pessoas.
Comecei com as letras estranhas do Móveis Coloniais de Acaju, enquanto estava pelo ônibus, sentado no ponto. Uma velhinha só resolveu-se sentar, assim que levantei.
Dentro do ônibus não foi diferente. Encostado no fundo e no canto, o lugar ao meu lado ficou vago até o ponto final, com olhares meio assustados ao meu redor.
Ao entrar no trem então que eu senti o que é mesmo a discriminação do coletivo. Começou com olhares tortos, desconfiados, assustados e outros até ameaçadores. Eu, sempre, olhando pela janela ou para o alto. Quando fitava alguém que me observava, diretamente nos olhos, a pessoa se intimidava e fingia que não estava vendo. Muitos, ainda, olhavam com cara de menosprezo e outros chegaram até a mudar de lugar.
Entretanto, o melhor mesmo foi no metrô, quando começaram as músicas do Megarex. Além da estranheza em observar alguém cantando em locais públicos, havia ainda as músicas com conteúdo desconexo aos ouvidos do senso comum. Quando comecei o refrão "Tomates não choram", quase não pude conter a risada, ao observar, pelo reflexo da janela, as pessoas que me olhavam com um riso discreto, além de outras que comentavam umas com as outras o fato de eu possuir algum distúrbio mental, ao mesmo tempo em que afastavam suas respectivas namoradas ou seus filhos de perto de mim.
De médico e louco, todos temos um pouco mesmo.
"Vivam a vida mais leve" e não queiram me matar da próxima vez.